quarta-feira, novembro 23, 2005

Homenagem ao Mestre




Como jogador, no Fluminense, do alto dos seus 57 kg, inventou uma posição: a do ponta que fecha para o meio, recua, ajuda na marcação e arma o contra-ataque.
Mas as maiores glórias foram como técnico. Três anos depois de encerrada a carreira, em 1965, recebe o comando do Fluminense e leva a equipe ao título do Roberto Gomes Pedrosa de 1969, o Brasileirão da época. Em 1970 assume o Atlético-MG e quebra a hegemonia de 5 anos do ex-Ipiranga, que tentava o hexacampeonato.
Ainda sob a euforia do tricampeonato da seleção no México, a antiga CBD decide organizar o primeiro certame realmente nacional do nosso futebol, o Campeonato Brasileiro. Naquele pioneiro Campeonato de 1971, havia vários favoritos: o Santos de Pelé; o São Paulo de Gérson e Pedro Rocha; o Botafogo de Jairzinho e Carlos Alberto; o Palmeiras de Ademir da Guia; o ex-Ipiranga de Tostão e Dirceu Lopes.
Mas quem papou o título foi o Galo de Dadá.
Obra pessoalíssima de Telê Santana, que forjou uma equipe campeã com 11 jogadores limitados, que sabiam suas funções e seguiam fielmente o seu técnico. Só Telê Santana foi capaz de quebrar a hegemonia do rolo compressor do Internacional, conquistando com o Grêmio - de novo, no comando de um limitado elenco - o histórico Campeonato Gaúcho de 1977.
Na Seleção Brasileira, armou a maior máquina de jogar futebol que vimos desde a era Pelé, o escrete de 1982 - que parecia jogar por música, sempre ofensivamente, surpreendendo o espectador e o adversário com jogadas geniais. Perdeu a Copa de 1982 numa fatalidade e começou aí o absurdo mito do "Telê pé frio".
A corja da CBF, a camarilha da Rua da Alfândega, jamais lhe perdoou alguns pecados: um deles, o de ser mineiro. O outro, o de ser avesso à politicagem e ao conchavo. O terceiro, o de jamais aceitar interferências no seu trabalho. E finalmente o de jamais deixar de denunciar a violência e os árbitros e cartolas coniventes com ela.
Uma vez, perguntaram ao grande Zico se havia algum treinador que jamais havia mandado bater num adversário. Zico respondeu: somente Telê.
Por tudo isso, torci muito pela seleção de 1986, que poderia ter sido a redenção de Telê no comando do Brasil. Mas de novo, numa fatalidade povoada de penais perdidos, o Brasil foi eliminado da Copa e o futebol ofensivo de Telê foi substituído por retrancas e brucutus. Ganhou força o mito do "pé frio".
Assumiu o Galo de novo e, às vesperas da decisão do Campeonato Mineiro de 1988, teve que ouvir durante toda a semana que o ex-Ipiranga já festejava o bicampeonato, pois tinha a melhor equipe e enfrentava um "pé frio". Os garotos do Galo, quase todos oriundos dos juvenis, fizeram um pacto pela vitória por Telê, por amor a Telê. A massa tomou 2/3 do Mineirão, como é de costume nos clássicos mineiros, e gritou o nome do seu técnico ao longo do jogo. Os meninos se encheram de brios e venceram por 1 x 0. Galo campeão mineiro de 1988. Uma multidão esperou Telê para carregá-lo nos ombros.

Mas ainda faltava a grande volta por cima.



Em outubro de 1990, o São Paulo era uma equipe em crise, já há quatro anos sem títulos importantes. Telê assume o Tricolor e em menos de um ano monta o
maior esquadrão da história do clube. Naquele time, Telê burilou peça por peça. Um certo lateral direito apenas esforçado recebeu horas e horas diárias da atenção do mestre (especialmente nos cruzamentos) e em pouco tempo se transformou no Cafu depois capitão do pentacampeonato.
Com Telê, o São Paulo foi campeão dos dois campeonatos mais importantes do país em 1991, o Paulista e o Brasileiro. Em 1992 levou o São Paulo ao título da Libertadores. Ganhou o campeonato mundial interclubes. Trouxe ao seu time outro mineiro apedrejado depois da tragédia da Copa de 1982, o já veterano Toninho Cerezzo. Sob a batuta de Cerezzo, Raí e Telê, o São Paulo repetiu a dose em 1993: campeão da América e campeão mundial. Durante 5 anos no São Paulo, Telê fartou-se de ganhar títulos, de calar a boca dos críticos e de encantar o mundo com o futebol bonito e ofensivo que a seleção brasileira jamais voltou a jogar desde que ele deixou de ser seu treinador.
Vive agora com a saúde bem debilitada, mas cercado, aqui em Minas Gerais, de um amor absolutamente unânime.

Parabens Telê. Eternamente Gratos.


texto tirado do O Biscoito Fino e a Massa


leia também São Paulo atual faz Telê Santana sorrir de alegria

2 comentários:

Anônimo disse...

E quem escreveu esse texto, nerd?

Bruno R. disse...

não fui eu. eu achei na net, achei bom e copiei. alterando alguns itens.
o site ta no post.
flw