sábado, dezembro 17, 2005

Histórias do Tricolor

O dia em que a moeda caiu em pé...

A partir de 1930, quando o Paulistano desativou o seu futebol, os títulos de campeão paulista eram conquistados ou por Corinthians ou por Palmeiras (então Palestra Itália). O São Paulo havia vencido em 1931 e só. Em 1943, antes de começar o campeonato, acontece uma reunião na Federação Paulista com os representantes dos grandes clubes fazendo as previsões de quem seria campeão. Palmeirenses e corintianos não aceitavam a quebra da hegemonia e, para menosprezar os outros clubes, diziam que chegaram a um acordo: jogaria-se uma moeda para cima e se desse cara, o campeão seria o Palmeiras, e se desse coroa, o Corinthians. O são-paulino protestou: "E como fica o São Paulo?". Os dois responderam: "O São Paulo será campeão só se a moeda cair em pé". Naquele ano, o Tricolor, que tinha Leônidas da Silva, faturou o campeonto e quebrou aquela hegemonia para sempre. A torcida são-paulina comemorou o título desfilando com um carro alegórico simbolizando uma moeda em pé.


"Só mais um de choro"

Artur Friedenreich, ou "El Tigre", era artilheiro nato. Foi nove vezes artilheiro do Campeonato Paulista e marcou 1.329 gols em sua carreira, superando Pelé. Jogou no São Paulo no início dos anos 30, na época do São Paulo da Floresta, quando já era consagrado como o maior craque do futebol brasileiro na época. Certa vez, Fried entrou em campo num jogo que o São Paulo precisava vencer o Guarani de qualquer maneira. O primeiro tempo terminra em 0 a 0 e um torcedor, na arquibancada, chama Friedenreich e lhe promete um conto de réis para cada gol marcado. Foi só começar o segundo tempo que o craque marca o primeiro. Logo em seguida, o segundo. Após o terceiro gol, desesperado, o torcedor pede para ele parar, ao que o artilheiro responde: "Só mais um de choro". E faz o quarto.
A personificação do DribleJosé Ribamar de Oliveira, o Canhoteiro, jogou no Tricolor de 1954 a 1963, e ganhou também o apelido de "O Mágico" por causa de seus dribles desconcertantes. Um deles ganhou até nome, "Solavanco": a bola correndo sobre a linha lateral, um giro de cintura para a direita, um corte seco e a bola tocada em velocidade inimaginável. Muitos dizem que foi um "Garrincha canhoto". Nascido no Maranhão, conta-se que, para impedir seu filho de viver com a bola o dia inteiro, o pai o prendia na mesa. Mas o menino, mesmo amarrado, ainda conseguia tirar do bolso uma bolinha de papel e praticava embaixadas. Teria vindo daí a assombrosa habilidade no trato com a bola?



"Questo gol é per ti, buffone!"

O primeiro título mundial do São Paulo teve a marca de Raí. Em grande fase, o craque marcou os dois gols na vitória contra o Barcelona, da Espanha, em 1992. No ano seguinte, foi Antônio Corrêa da Costa (Müller) o nome dos 3 x 2 contra o Milan, da Itália, em Tóquio. Atormentado o jogo todo pelas provocações de seu marcador, o zagueiro italiano Costacurta, o atacante são-paulino fez com o "meio sem querer" o gol do título. Depois de perceber o gol, Müller aproximou-se do becão italiano e berrou em italiano fluente: "Questo gol é per ti, buffone!" (Este gol é pra você, palhaço!). O Italiano não teve a menor reação!!!


Gol de mão? Não vi não!

Na tarde de 27 de junho de 1971, mais de 115 mil pessoas lotavam o Morumbi para assistir à final do Campeonato Paulista entre São Paulo e Palmeiras. Aos 6 minutos, Toninho Guerreiro abre a contagem para o São Paulo e o Tricolor passa a segurar o Verdão. Um jogo difícil em que os são-paulinos chegavam junto, não dando espaço aos talentosos Ademir da Ghia e Leivinha. O Palmeiras atacava e o São Paulo respondia com contra golpes fulminantes, que só não acabaram em gols graças às defesas do goleiro Leão. No segundo tempo, Leivinha sobe mais que a zaga são-paulina e, de cabeça, empata. O juíz Armando Marques anula o gol, alegando que o jogador dera um soco na bola e não uma cabeçada, gerando muita reclamação dos atletas alviverdes. Os últimos minutos são emocionantes e quando o árbitro apita o final da partida, os jogadores palmeirenses partem para cima dele, reclamando do gol anulado. Os são-paulinos? Já estão comemorando o título nas ruas da cidade. "Gol de mão? Não vimos não!", gozam.


"Se quer briga, venha!"

Num jogo contra o Corinthians, o legendário Mosenhor Bastos se viu constrangido, por falta de lugar, a sentar-se no meio da torcida rival, junto com alguns companheiros. Quando o São Paulo marcou um gol, o padre não se conteve e gritou. Foi quando ouviu a provocação: "Parece que temos saia entre nós!". Monsenhor achou melhor silenciar, seria briga feia. Porém um homenzinho se levantou e encarou o adversário. "Se quer briga, venha. Não está vendo que estes homens são diretores do clube?". O desafiado desceu. Melhor não tivesse feito. Apanhou feio. O homenzinho que o tinha encarado era o pugilista Kid Jofre, pai de Éder Jofre, futuro campeão mundial de boxe.


E o Santos de Pelé e cia. fugiu de campo...

A partida entre São Paulo e Santos, realizada no Pacaembu na noite de 15 de agosto de 1963, entrou para a história como o jogo em que o Santos fugiu de campo. E nada indicava que o time da Vila Belmiro usasse o recurso do "cai-cai", porque o jogo começou equilibrado. Faustino abriu o placar para o Tricolor aos 5 minutos. Pelé empatou para o Peixe aos 21. Mas nos oito minutos finais do primeiro tempo aconteceu de tudo! Benê marcou o segundo gol do São Paulo aos 37 e Sabino aumentou para 3 a 1 aos 40 minutos. Aí começou a confusão. Os santistas protestaram, o árbitro Armando Marques não tolerou as reclamações e explusou Pelé e Coutinho. Pelé estava indignado: "Quero que um avião caia sobre minha cabeça e de meus familiares se eu fiz alguma coisa!", esbravejava. Não adiantaram desculpas, o Santos teria que voltar para o segundo tempo com apenas nove jogadores. No intervalo, Oswaldo Brandão, técnico do São Paulo, setenciou: "Este jogo não vai acabar. O Dr. Nélson Consetino (médico do Santos) já me disse que vão melar o jogo". E foi o que aconteceu. O Santos voltou para o segundo tempo só com oito jogadores: o lateral Aparecido, que tinha estreado naquela noite, ficou "contundido" no vestiário. O jogo recomeçou e aos 7 minutos Pagão ampliou para 4 a 1. Começou então o "cai-cai". Pepe e Dorval resolveram cair e esperar a maca para não voltarem mais ao gramado. Armando Marques apitou o fim da partida, pois o Santos não tinha número legal de jogadores em campo para continuar o jogo. Nesta partida, o São Paulo jogou com: Suli; Deleu, Bellini e Ilzo; Dias e Jurandir; Faustino, Martinez, Pagão, Benê e Sabino. O Santos "fujão" formou com: Gilmar; Aparecido, Mauro e Geraldino; Zito e Dalmo; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe


A Esperteza dos Dirigentes

Laudo Natel precisava de dinheiro para as escavações do Morumbi. Foi à Antarctica e vendeu a concessão para bebidas no estádio. Recebeu um título, descontou-o no Bradesco e iniciou os trabalhos. Mandou fotografar as obras e com as fotos em mãos percorreu empresas em busca de patrocínio. A cada etapa, um novo recurso. Outra vez, Laudo teve que se transformar em "garoto propaganda". Na hora de colocarem os bancos no estádio, calculou-se que seria preciso 400 mil parafusos. Natel foi à TV, fez publicidade de uma indústria e os bancos foram instalados. O Morumbi estava praticamente pronto para a inauguração, mas ainda não tinha iluminação e placar. Henri Aidar e Antônio Nunes Lemes Galvão foram à Philips e viram catálogos moderníssimos. Mas, e o dinheiro? Foi quando os dois venderam a imagem do estádio, conseguindo os refletores por aluguel, por um prazo de dez anos. Para pagar o aluguel, permutaram. A Philips colocou no estádio painéis de publicidade em troca dos pagamentos.


A catimba de Valdir Peres

Decisão do Campeonato Paulista de 1975, no dia 17 de agosto. O São Paulo joga contra a Portuguesa. Um empate no tempo normal daria o título ao Tricolor. Porém, a Portuguesa venceu o jogo por 1 a 0, gol de Enéas e a decisão acabou nos pênaltis. Aí, valeu a catimba do goleiro Valdir Peres.
- Pode chutar em qualquer canto que vou pegar!
Dicá chutou e Valdir Peres espalmou.
- A casa tá cheia, Wilsinho! É claro que vai errar!
Wilsinho chutou por cima do travessão.
- Dicá e Wilsinho já erraram, agora é a sua vez. Foi. Tatá perdeu o pênalti, e o São Paulo foi campeão!




São Paulo - O Mais Querido da Cidade

Em 1940, em votação aberta a todos os torcedores, o São Paulo foi considerado "O Clube Mais Querido Da Cidade". Dentre os acontecimentos que marcaram a trajetória da grandeza Tricolor, cabe-nos destacar, relembrando, os fatos que culminaram com a conquista dessa láurea. Era a tarde de 25 de janeiro de 1940, e o Pacaembu, hoje Paulo Machado de Carvalho, realizava as festividades de sua inauguração, com a presença do Presidente da República, Getúlio Vargas. Acontecia um desfile de quase todos os clubes desportivos da Capital, em homenagem à então efeméride-mór do futebol paulista. Vale lembrar que o citado presidente, naquela fase, havia incinerado em praça pública, em nome da unidade nacional, as bandeiras representativas dos Estados. Ao surgir na entrada do estádio a representação do São Paulo F. C., à ovação de aplausos então ouvida só caberia este qualificativo: inigualável. Os atletas são-paulinos envergavam o tricolor do Pavilhão Paulista. Na oportunidade, o mesmo padrinho do "Clube da Fé", o saudoso "Olimpicus" (o jornalista Thomaz Mazzoni), ministrava ao um novo batismo: São Paulo F. C., "O Clube Mais Querido Da Cidade". Este "slogan", que até hoje figura nos impressos de correspondência do clube, teve a sua confirmação pelo público alguns meses depois do evento do Pacaembu - através do concurso público instituído pelo DEIP (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda), que inclusive criou um troféu alusivo. Segundo o referido concurso, o São Paulo conquistou o troféu de "O Clube Mais Querido Da Cidade", com 5523 votos. Em segundo lugar ficou o Corinthians Paulista, com 2671, menos da metade dos votos, e em terceiro, a Sociedade Esportiva Palmeiras, com 2593, citando apenas os primeiros colocados.


Outros apelidos dados pela torcida

O São Paulo sempre montou times notáveis. Esses times foram tão marcantes que entraram para a história através dos apelidos recebidos da torcida: São Paulo da Floresta, Tricolor do Canindé, Escola, Academia, Universidade, Esquadrão de Aço, Rolo Compressor, Superesquadrão, Furacão, Ventinho (após perder uma série de amistosos na Europa), A Máquina, Menudos do Morumbi, Máquina Mortífera, Expressinho (na verdade, o time B, mas que que se sobressaiu pelos bons resultados e revelou grandes nomes do futebol como Rogerio Ceni, Bordon, Jamelli, Cate, Denílson, Edmilson e muitos outros.


tirado do Tricolor Net

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